“É preciso dizer que a ‘Ação’ tem quase sempre significado a recusa à democracia; a ‘Reação’, a busca da democracia; e a ‘Transação’, o abrandamento daquela recusa.” (Evaldo Vieira).
Em 1985, depois de uma campanha pelas eleições diretas que reuniu multidões nas principais cidades do país, mas foi derrotada no Congresso dominado pelos partidários do governo militar, Tancredo Neves foi eleito pelo Congresso e seria o primeiro presidente civil do Brasil depois de 21 anos, caso não adoecesse gravemente na véspera de sua posse. O vice-presidente, José Sarney, assumiu a presidência da República e, diante de uma grande inflação e uma enorme dívida externa, promoveu um programa de austeridade que incluía uma nova unidade monetária, o cruzado. Uma nova Constituição, a chamada Constituição Cidadã, foi promulgada em outubro de 1988. Uma das grandes inovações da constituição foi a decretação das eleições livres em todos os níveis. Em dezembro de 1989, Fernando Collor de Mello, do Partido da Reconstrução Nacional, de tendência conservadora, ganhou as primeiras eleições diretas realizadas no país em quase 30 anos. Seu drástico programa antiinflacionário contribuiu para piorar a recessão no Brasil durante o começo da década de 1990, e sua popularidade foi seriamente abalada devido às acusações de corrupção de que o seu governo foi alvo. Em setembro, o processo de impeachment do então presidente Fernando Collor foi apreciado pela Câmara dos Deputados e, em dezembro, pelo Senado Nacional. Collor renunciou ao seu cargo, numa tentativa de evitar a cassação dos seus direitos políticos, mas o Senado decidiu que eles fossem suspensos por oito anos. O vice-presidente Itamar Franco assumiu a presidência.
Um plano para reestruturar a economia do país e reduzir a dívida externa do Brasil foi colocado em prática em abril de 1994. Este plano, conhecido pelo nome de Plano Real, foi criado pelo então ministro da Fazenda do governo de Itamar Franco, o social-democrata Fernando Henrique Cardoso.
Um plano para reestruturar a economia do país e reduzir a dívida externa do Brasil foi colocado em prática em abril de 1994. Este plano, conhecido pelo nome de Plano Real, foi criado pelo então ministro da Fazenda do governo de Itamar Franco, o social-democrata Fernando Henrique Cardoso.
Em outubro de 1994, Fernando Henrique, candidato do Partido Social Democrático Brasileiro, disputou as eleições presidenciais com Luís Inácio Lula da Silva, candidato do Partido dos Trabalhadores (PT). A campanha eleitoral foi marcada pela discussão de amplas reformas econômicas e sociais. Fernando Henrique Cardoso ganhou ainda no primeiro turno.
Ao ser eleito, Fernando Henrique apresentou uma série de reformas ao Congresso, cujo objetivo era redesenhar o Estado brasileiro, até então muito presente em todos os setores da vida nacional. Em nome do aprofundamento dessas reformas, o presidente mobilizou os setores que o apoiavam no Congresso para aprovar a emenda da reeleição em janeiro de 1997. No entanto, as medidas de emergência com as quais o governo tentou minimizar os efeitos da crise asiática na economia brasileira provocaram grande insatisfação na população, particularmente nos grandes centros urbanos, onde o desemprego cresceu de modo significativo.
Nas eleições de outubro de 1998, o presidente Cardoso enfrentou novamente a candidatura de Lula, assim como a do ex-governador do Ceará, Ciro Gomes, e foi reeleito no primeiro turno. No entanto, as conseqüências da crise internacional provocada pela inadimplência da Rússia, cujos efeitos só ficaram claros depois da eleição, reduziram o apoio com que o presidente tinha sido eleito.
O Brasil passou por um processo drástico e violento em relação à democracia. O golpe militar nos trouxe grandes derrotas democráticas, o que era tratado por seus idealizadores como ‘revolução’ hoje é visto como um processo de dominação e controle sobre classes, porém com o passar dos anos esse sistema veio perdendo força e se mostrando muito ineficaz. No período conhecido como Nova República, - nome dado ao primeiro governo civil após o regime militar - tivemos grandes lutas e conseqüentemente grandes vitórias democráticas, um exemplo é sem duvida as manifestações em relação às eleições diretas. Luta essa que não nos deu vitória imediata, mas trouxe a tona e reergueu um debate justo e necessário. A sociedade se inflamou e esse período se tornou de grande questionamento popular sobre os governantes. Na década de 1990 também tivemos manifestações populares – nota-se nestes anos um abrandamento ao sentimento de recusa. Abrandamento esse que vem se ampliando ao longo dos anos.
Nesses anos seguintes a Ditadura, período onde a democracia foi tão desejada, buscada e sem dúvida bem aceita, obtivemos vitórias que com o abrandamento a recusa não pode se estender a todos os Brasileiros. Vivemos em Brasis onde muito deve ser mudado, onde a democracia não constitui um valor universal, onde a desigualdade é muito grande, em Brasis onde o regime ditatorial só mudou de nome.
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