Período que vai desde 1889 até 1930, também chamado de República Velha, e que pode ser dividido em:
1º) República Oligárquica
2º)República do “Café com Leite”
Este é um período em que o comando do país foi retomado pelos políticos civis (especialmente por líderes políticos e econômicos de são Paulo, Minas Gerais e Rio Grande do Sul).
Os grandes fazendeiros possuem um papel importantíssimo neste período (conhecidos como “CORONÉIS”)
O voto na primeira República:
Antes o voto de 2,2 % da população masculina maior de 21 anos colocou militares no Poder (Deodoro da Fonseca e Floriano).
Na Primeira República o número de eleitores cresce, mas não chega a 10% da população total.
Os chefes políticos continuavam fazendo pressão e interferindo violentamente nas eleições.
Os sistema de dominação destes chefes políticos (coronéis) foi chamado de “Coronelismo”. Este nome vem do período regencial, no qual os grandes fazendeiros que tinham postos de comando na Guarda Nacional eram chamados de Coronéis. Mesmo depois que a Guarda Nacional acabou, o título continuou sendo usado por eles.
Coronelismo (Favores e Voto de Cabresto):
Durante a primeira república a economia brasileira era essencialmente agrícola (70% da população trabalhava em agricultura). Os Coronéis tinham em suas fazendas grande número de trabalhadores com salários miseráveis (precisavam de ajuda do Coronel). Dinheiro emprestado, auxílio para educar os filhos, socorro em relação a doenças (maneiras de manter o controle criando uma dependência). O poder dos coronéis ultrapassava os limites da fazenda e chagava as cidades, pois os principais empregos e cargos estavam sujeitos à influência pessoal. Todos os profissionais da cidade procuravam se aproximar dos Coronéis em busca de favores (Clientelismo = Prática de “Premiar”) em troca de fidelidade política.
Em troca de favores os Coronéis exigiam que as pessoas votassem nos candidatos indicados por eles (Voto de Cabresto). Aquele que se negasse a votar ficava sujeito à violência dos capangas e jagunços (grupo armado que perseguia os inimigos do Coronel). Seguindo ordens, os jagunços procuravam controlar os votos de cada eleitor, JÁ QUE O VOTO ERA ABERTO.
Era comum ainda, a prática de fraude para garantir a vitória nas eleições (documentos falsificados para menores e analfabetos, pessoas que já tinham morrido eram inscritas como eleitores, urnas violadas, votos adulterados, e contagem de votos errada.
O Coronel estabelecia suas alianças políticas com outros fazendeiros para eleger o candidato que desejava, e em troca, o candidato eleito mandava verbas para o município para a construção de obras. O resultado dessa manobra é o controle, que ficava sempre nas mãos do mesmo grupo
Em certas regiões do interior do nordeste, os coronéis tinham muito poder, mas, em São Paulo, Minas Gerais e Rio Grande do Sul, por exemplo, a estrutura de poder se dissolvia devido à presença de partidos e administração estadual diferenciada.
Política dos Governadores (entrosamento entre governo federal e estados):
Campos Sales (segundo Presidente Civil da República) propôs um sistema de alianças entre estados e governo federal. Estas alianças ficaram conhecidas como: POLÍTICA DOS GOVERNADORES. Os governadores apoiavam nas eleições de deputados federais e senadores, e em troca, o presidente apoiava os governadores com mais verbas, empregos e favores. A Política dos Governadores era uma reprodução do que já acontecia com os Coronéis e os governadores dentro do estado.
Havia a chamada DEGOLA: Eliminação dos nomes dos adversários que não eram apoiados pelo governo
Em meio a tantas alianças e fraudes, as oligarquias (Grandes proprietários de terras) permaneceram no poder por um bom tempo, e se organizavam em torno de partidos como: PRP (Partido Republicano Paulista) e o PRM (Partido Republicano Mineiro). Haviam coligações com proprietários rurais de outros estados, mas os políticos de Minas Gerais e São Paulo lideravam a vida política do país.
Quase todos os presidentes deste período de República Velha foram eleitos por apoio do PRP e do PRM.
São Paulo era o primeiro estado em produção de café, e Minas Gerais era o segundo, se destacando em primeiro na produção de leite. Esta política de Coligações (alianças) entre São Paulo e Minas Gerais ficou então conhecida como POLÍTICA DO CAFÉ-COM-LEITE.
O Poder do Café:
O café foi o produto líder durante toda a República Velha (Mais de 50% do lucro de exportações). O Brasil chegou a abastecer 2 terços do mercado mundial de café. Um vasto desenvolvimento foi conseguido através do estímulo causado pela exportação de café.
Os investimentos no desenvolvimento do país era feito com o apoio do Estado, de empresários brasileiros e também de empresas estrangeiras (Principalmente inglesas). Com tanto lucro, os cafeicultores cada vez mais aumentavam suas plantações, isso acabou acarretando em uma produção que ultrapassava a necessidade do produto. A conseqüência foi uma CRISE DE SUPERPRODUÇÃO (Oferta maior que a Procura), preços caindo, estoques crescendo
Convênio de Taubaté:
Em 1906 os cafeicultores realizaram na cidade paulista de Taubaté, uma reunião com a finalidade de encontrar soluções para as crises de superprodução (Convênio de Taubaté), foi proposto que o governo comprasse a produção que ultrapassasse a demanda (procura) do mercado. O café seria estocado pelo governo para que fosse vendido posteriormente quando os preços se normalizassem, para comprar o café, o governo faria empréstimo no exterior, a proposta foi aceita pelo governo. A conseqüência foi a transferência do problema dos cafeicultores para o poder publico.
Imigração:
No período de 1891 a 1930, entraram no Brasil mais de 3,5 milhões de imigrantes.Estas pessoas estavam encantadas com os incentivos e anúncios de prosperidade divulgados no exterior, 33% dos imigrantes eram italianos, 29% portugueses e espanhóis 15%. O restante da porcentagem era dividido entre alemães, japoneses, sírio-libaneses, russos, lituanos e austríacos. São Paulo foi o Estado que mais recebeu imigrantes (57% do total), o governo de paulista fazia propaganda no exterior, pagava passagens e alojamentos.
A vinda de imigrantes muda a vida social do Brasil (principalmente no Sudeste e Sul)
Indústria:
A cafeicultura possibilitou a implantação de infra-estrutura para o aparecimento de indústrias, Direta ou indiretamente. (Sacaria, Embalagem, Transporte, fornecimento de combustível, energia elétrica). Isso se deve ao crescimento do mercado consumidor e da mão-de-obra. O principal centro da industrialização foi o Estado de São Paulo. O Pensamento de Sônia Mendonça traduz todo este processo:
“(...) a constituição de burguesia industrial brasileira se caracterizou por um grande entrosamento entre famílias de cafeicultores e de empresários-imigrantes, sobretudo por meio de casamentos. (...) criou-se uma razoável afinidade entre interesses agrários e os interesses industriais, afinidade essa que, mesmo em conjunturas econômicas específicas que, simultaneamente, desfavoreciam a uns e beneficiavam a outros – como no caso da desvalorização da moeda, favorável ao cafeicultor, mas não ao industrial – impediu a emergência de conflitos abertos entre ambos, principalmente quando se tratava de discutir o protecionismo a indústria ou à questão da taxa cambial.”
Existiam também negros ex-escravos trabalhando por um salário no setor agrícola. A renda industrial só viria superar a da agricultura durante a Primeira Guerra Mundial, quando a indústria européia sofreu queda.
O Setor urbano cresceu em importância e operários passaram a exigir mais o direito de participar da vida política e econômica do país.
Lutas Operárias:
As condições de trabalho eram desfavoráveis, trabalhadores ficavam 15 horas por dia nas fábricas, eram obrigados a trabalhar aos domingos, toda a família trabalhava, não havia salário mínimo, nem direito a férias, ou mesmo pagamento por horas extras, a legislação (lei) não era favorável, As instalações das fábricas eram ruins, não havia cuidado com a higiene e nem segurança.As conseqüências foram grandes, como acidentes de trabalho e doenças.
Mestres (Chefes de Operários) e Contra-Mestres (Encarregados do comendo de equipes de trabalho) espancavam crianças e seduziam mulheres.
Contra a exploração das crianças surgiu o chamado COMITÊ POPULAR DE AGITAÇÃO CONTRA E EXPLORAÇÃO DE MENORES OPERÁRIOS.
Surgem também os Sindicatos lutando pelos direitos trabalhistas e sociais, no início, o ANARQUISMO (Rejeitava a opressão sobre o indivíduo e defendiam a cooperação) influenciou o movimento operário, e depois também a CORRENTE CATÓLICA e o SINDICALISMO REVOLUCIONÁRIO.
Em julho de 1917, aconteceu em São Paulo a primeira greve da história do Brasil (aconteceram passeatas, conflitos com a polícia). Em um dos conflitos, o anarquista José Martinez morre baleado. Acabando por provocar uma ampliação do movimento grevista (A Greve tornou-se Geral). As reivindicações eram:
- Aumento de Salários;
- Passagem da jornada de trabalho para oito horas;
- Direito de associação libertação dos grevistas presos;
O governo então resolveu negociar e fez promessas, (não Cumpriu a maior parte delas). Para os governantes, movimentos deviam ser reprimidos pela polícia. O último presidente da Primeira República, Washington Luís, por exemplo, dizia:
“A Questão Social é caso de Polícia!”.
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