Fernando Affonso Collor de Mello (Rio de Janeiro, 12 de agosto de 1949) é um empresário e político brasileiro, atualmente filiado ao Partido Trabalhista Brasileiro. Foi o primeiro presidente da República eleito por voto direto após o Regime Militar, em 1989, pelo período de 1990 e 1992.
O governo foi marcado pela implementação do Plano Collor, pela abertura do mercado nacional às importações e pelo início do Programa Nacional de Desestatização.
Renunciou ao cargo na tentativa de evitar um processo de impeachment fundamentado em acusações de corrupção. Embora tenha renunciado, Fernando Collor teve seus direitos cassados por oito anos por determinação do Senado Federal, e só foi eleito novamente para cargo público em 2006, tomando posse como senador por Alagoas em 2007.
Fernando Collor iniciou sua carreira política na ARENA e foi nomeado prefeito de Maceió em 1979 pelo então governador Guilherme Palmeira, cargo ao qual renunciou em 1982, ano em que foi eleito deputado federal pelo PDS.
Nessa qualidade votou a favor das Diretas Já em 25 de abril de 1984 e com a derrota dessa proposição votou em Paulo Maluf no Colégio Eleitoral em 15 de janeiro de 1985.
Com vistas a angariar apoios na campanha presidencial que estava por vir, a imprensa o tornou conhecido nacionalmente como “Caçador de Marajás”. Orientado por profissionais de marketing, anunciou com estardalhaço a cobrança de 140 milhões de dólares dos usineiros do estado para com o Banco do Estado de Alagoas, havendo diversas repercussões positivas na imprensa.
Eleito como Governador de alagoas pelo PMDB teve seu primeiro pedido de impeachment devido ao seu programa de enxugamento da máquina administrativa alagoana, feito à base de demissões de funcionários públicos e extinção de cargos, órgãos e empresas públicas.
Graças a essa postura de "guardião da moralidade" Collor fez uso de uma elaborada estratégia de marketing com o fito de captar os temas e anseios que permeavam a população.
Seu discurso reproduzia o que diziam os institutos de pesquisa variando conforme a necessidade momentânea.
Fiel a sua estratégia rumo ao Palácio do Planalto elegeu o governo José Sarney como responsável por todas as mazelas e descalabros político-administrativos que assolavam o país naquele momento, postura que o levaria a deixar o partido (PMDB) e a ingressar no PRN
Renunciou ao Governo de Alagoas em 14 de maio de 1989, transferindo o cargo a Moacir Andrade. Em seguida, iniciou as articulações para a formação de uma chapa viável de modo a compensar a tibieza de sua origem política em um dos menores estados da federação e, nesse contexto, fixou-se na escolha de um candidato a vice-presidente, oriundo do segundo maior colégio eleitoral do país, o estado de Minas Gerais. Escolha que recaiu sobre o senador Itamar Franco após as recusas de políticos como Hélio Garcia e Júnia Marise.
Durante a campanha cerrou seu discurso no combate a corrupção e aos altos índices de inflação apontando ainda o governo Sarney como inepto, chegando até a classificar o presidente como alguém "corrupto, incompetente e safado", o que lhe custou um direito de resposta no horário eleitoral e um processo por calúnia, injúria e difamação, mas nada que impedisse sua ascensão ao primeiro lugar nas pesquisas de opinião, embora Fernando Collor não tenha comparecido a nenhum debate promovido pelos meios de comunicação durante o primeiro turno da eleição.
Fernando Collor ganhou em todos os estados com exceção de Pernambuco, do Rio de Janeiro e do Rio Grande do Sul. O Rio Grande do Sul e o Rio de Janeiro conseguiram transferir os votos de Brizola para Lula, em São Paulo o fenômeno foi a transferência de votos de Covas para Collor, ainda que Covas, pessoalmente, tenha apoiado Lula.
Sobre o Governo Collor este teve uma duração de dois anos e meio sendo que seu titular assumiu a presidência aos quarenta anos e sete meses de idade, o mais jovem político a assumir esse cargo em nossa história. Antes de sua posse viajou rumo aos Estados Unidos e à Europa buscando o apoio dos organismos financeiros internacionais à sua proposta de renegociação da dívida externa brasileira, aproveitando também para expor seus planos para a nossa economia. Visando a integração do Brasil aos seus vizinhos sul-americanos viajou também para a Argentina e o Uruguai.
Ao tomar posse o número de ministros nomeados por Collor era o menor dos trinta anos anteriores a 1990 e dentre os agraciados com um cargo no primeiro escalão estava sua também prima Zélia Cardoso de Mello, nomeada Ministra da Economia. Convidou também o ex-jogador de futebol Artur Antunes Coimbra, o Zico, que logo deixaria o cargo.
Com o tempo o insucesso de sua política econômica e as freqüentes denúncias envolvendo seus auxiliares diretos (incluída a primeira-dama Rosane Malta) redundou em um desgaste progressivo de seu governo.
A maior crise enfrentada pelo governo Collor tomou forma em junho de 1991 graças a uma disputa envolvendo seu irmão Pedro Collor e o empresário Paulo César Farias a partir da aquisição, por este último, do jornal Tribuna de Alagoas visando montar uma rede de comunicação forte o bastante para eclipsar a Gazeta de Alagoas e as Organizações Arnon de Mello.
A Veja trouxe uma matéria na qual o caçula do clã carioca-alagoano acusava o empresário PC Farias de enriquecer às custas de sua amizade com o presidente, algo que teve desdobramentos nos meses vindouros: em 10 de maio Pedro Collor apresentou à revista Veja um calhamaço de documentos que apontavam o ex-tesoureiro de seu irmão como o proprietário de empresas no exterior e como as denúncias atingiam um patamar cada vez mais elevado. A família interveio e desse modo o irmão denunciante foi removido do comando das empresas da família em 19 de maio por decisão de sua mãe, dona Leda Collor.
Oficialmente afastado por conta de “perturbações psicológicas”, Pedro Collor não tardou a contra-atacar: primeiro apresentou um laudo que atestava sua sanidade mental e a seguir concedeu nova entrevista a Veja em 23 de maio na qual acusou PC Farias de operar uma extensa rede de corrupção e tráfico de influência na qualidade de “testa-de-ferro” do presidente, o qual não reprimia tais condutas por ser um beneficiário direto daquilo que ficou conhecido como “esquema PC”.
Quarenta e oito horas depois a Polícia Federal abriu um inquérito destinado a apurar as denúncias de Pedro Collor e no dia seguinte o Congresso Nacional instaurou uma Comissão Parlamentar de Inquérito destinada a investigar a veracidade das acusações.
Pouco tempo depois Fernando Collor foi à televisão e rechaçou as denúncias feitas contra sua administração e com isso sentiu-se à vontade para conclamar a população a sair de casa vestida em verde e amarelo em protesto contra as “intenções golpistas” de determinados setores políticos e empresariais interessados em apeá-lo do poder.
O apelo pareceu ter dado certo: no dia 12 de Agosto, quando completou 43 anos, foi homenageado por empresários, políticos, cantores, artistas e admiradores, parecendo até que tudo seria esquecido, havendo ampla cobertura midiática desse apoio. Entretanto, teve na verdade um efeito inverso ao que originalmente se propunha, pois o que se viu às ruas foram as manifestações de jovens estudantes denominados caras-pintadas, em referência às pinturas de seus rostos que, capitaneados pela União Nacional dos Estudantes exigiam o impeachment do presidente numa cabala resumida no slogan “Fora Collor!”
Em 26 de agosto o relatório final da “CPI do PC” foi aprovado e nele constava a informação de que o presidente da República e seus familiares tiveram despesas pessoais pagas pelo dinheiro recolhido ilegalmente pelo “esquema PC” que distribuía tais recursos por meio de uma intrincada rede de “laranjas” e de “contas fantasmas”.
Como exemplos materiais desse favorecimento foram citadas a reforma na “Casa da Dinda” (residência de Fernando Collor em Brasília) e a compra de um automóvel Fiat Elba.
O pedido de abertura do processo de impeachment foi aprovado em 29 de setembro por 441 votos a favor e 38 votos contra, com uma abstenção e 23 ausências.
Afastado da presidência da República em 2 de outubro, foi julgado pelo Senado Federal em 29 de dezembro de 1992. Como último recurso para preservar seus direitos políticos, Collor renunciou ao mandato antes do início do julgamento, mas a sessão teve continuidade. O julgamento foi polêmico e alguns juristas consideraram que o julgamento, após a renúncia, não deveria ter acontecido. Foi condenado à perda do cargo e a uma inabilitação política de oito anos pelo placar de 76 votos a 5 em uma sessão presidida pelo ministro Sidney Sanches, presidente do Supremo Tribunal Federal.
Collor foi sucedido pelo vice-presidente Itamar Franco que exercia o cargo interinamente desde seu afastamento em 2 de outubro. Em entrevista coletiva, Collor, declarou que o seu ato, a tentativa de renúncia, se devia ao seu apreço pela democracia, ameaçada, segundo ele, por uma "elite política avessa a necessidade de modernização do país" e de poderio tão avassalador que teria levado Getúlio Vargas ao suicídio em 1954 e Jânio Quadros à renúncia em 1961.
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